quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Carlos Manuel Alves Margarido

Depois do amor 

Quando o amor acabar 
As raízes vão secar 

O sol vai crescer
Na busca do calor

A primeira estrela cadente
Ficará para todo o sempre no peito

O deserto por mais água que beba
Terá sempre sede

Nas dobras do passado
Não poderei voltar

No último pingo
Dos meus olhos
Tudo o que o amor foi 

Maria Morais de Sa

Lua em quartos.

Fiz uma lua de papel
redonda e pequenina
pintei dois olhos e sorri!

E ela sorriu para mim!

Cortei-a em quartos
onde dormi.
E de um quarto fiz um barco
e naveguei em sítios
que nunca vi.

De outro quarto
fiz meia lua
mas que tropelia mais tola!

Fiz dela meu baloiço
e vou de cá
para lá ...
empurrada pelo vento.

E quase fico pendurada
de cabeça para baixo!

Que grande a trapalhada!

Caio em cima de uma cama
do quatro que fiquei.

Pobre lua só te resta
o que ficou
dos quartos que te cortei!

Uma meia lua deitada
sem almofada mas fofa
e sua forma arqueada
me sorria
de uma forma tão delicada!

Que enfeitiçada fiquei!

Aqui não falta nada
brincos de princesa
os mios de uma gata...
Uma lua de prata
dos quartos que inventei...

Não preciso que venha a noite
nem o dia passear.
Porque a lua
é quando eu quiser
e o sol
será quando
me apeteça despertar!

Céu Pina

Folha de sangue

Poesia…
Amor da sua vida.
Raízes…
Letras e dedos,
Uniram fios de sangue.
Lâmina fria,
Ceifou veias,
Retalhou o silêncio.
Poema sem vida,
Mudo soluço,
No negro de cada letra.
Gota manchou papel,
Anel vermelho, quente.
Caiu a mão do poeta,
Morreu no último ponto final.
Seu rosto,
Borrou ultima frase,
Adeus meu amor…
Poema sem título,
Numa folha de sangue.

Joaquim Jorge Oliveira

HUMANIDADE

Olhos velhos de sábios, olham para ti com pena
Querem que alimentes agora o teu espírito
Com a serenidade e beleza deste poema
Simples, escrito sem pretensões de cunho erudito
Ungido com óleo perfumado de açucena
Quero! Que as estrelas fujam da via-láctea
E, iluminem os teus passos errantes
E te libertem da escuridão desta noite de breu
Quero! Ver-te partir nas garras de pássaros gigantes
Que te levem para a segurança do infinito céu
Oh! Se quero! Como quero!?
Livrar-te deste estúpido e maldito suplício
De seres, apenas essa divina matéria-prima
Condenada desde sempre ao supremo sacrifício
Do julgamento que te inquieta e se aproxima
Por isso! Quero apenas que te divirtas
Toma um chá! sim! Um chá de doce lima
Admira os lírios roxos que crescem selvagens
Na paz bucólica do teu sonho
Mesmo que sejam apenas só miragens
Vistas pelo teu olhar turvo e humano
Quero!Que sigas pela estrada da vida
Aonde tudo se joga e acaba por decidir
Da forma mais ou menos esclarecida
Antes do tempo silencioso te punir
Quero que fiques com a ávida vontade
De amar, voltar e não vir
Dessa tua desejada eternidade
Antes da primavera de novo florir
E chegue exuberante pintada de verdade
Fecha agora! Os olhos e sem medo deixa-te ir
E encontra na tua cegueira a divina liberdade
Difícil de manter e conseguir
Quero! Que encontres a humanidade
Que teima de ti em fugir.

Manuel Manços Assunção Pedro

PARA QUE QUERO A VIDA

Para que quero esta vida que me enfada?
E o desamor, do amor que nunca tive?
De que me serve esta vida já estafada
se não é a linda Terra onde eu já estive?

Para que quero esta vida que é já nada,
comparada ao teu carinho, quando ele vive?
Para que quero esta vida tão parada,
mais cansada que os ideais que eu já tive?

Fiz da vida ricos templos, lindos sonhos
alegres dias, formosos e risonhos,
mas a vida que desperta é quase nada.

Seco rio, de algas murchas, céu deserto...
Rio de encantos, onde eu ainda desperto
e ruma ao firmamento esta jangada. 

Ana Antunes

À Espera

Eu espero, tu esperas…
Todos vivemos a vida,
À espera de algo.
O/a jovem espera,
Encontrar a sua cara-metade,
Para construir uma linda família.
A namorada espera,
Receber um lindo ramo de flores,
No dia do seu aniversário.
A mãe espera,
Nove meses pelo nascimento,
Do seu amado filho.
Os pais esperam,
Que os filhos cresçam,
O licenciado espera,
Encontrar um emprego.
A família espera,
Reunir-se à noite,
Após um dia de trabalho.
O agricultor espera,
Que a semente deitada à terra germine.
Após o inverno,
Todos esperamos,
O raiar do sol,
E o desabrochar das flores.
Por isso se diz:
Quem espera sempre alcança!

Antonio Montes

NUNCA MAIS

Nas aguas da sua paixão
não fui um eximo nadador
não parei na superfície
e me afoguei no seu amor.

Hoje, nessa triste solidão
vou borbulhando de saudade
com lagrima no meu coração
enxugadas pela realidade.

Assim, eu vou seguindo sozinho
no meu caminha pela tarde
sem seu amor, e sem carinho
nessas lagrimas da verdade.

Eu tenho enxugado o meu pranto
com o lenço desse meu chorar
procurando aquele encanto
do tempo do nosso amar.

Meus dias hoje são agouros
aonde o sentimento não sai
e eu aqui com esse choro
que não acaba nunca mais!

Solange Moreira de Souza

PRECIOSIDADE

Ainda estou
Meio perdida,
Nesta nova
Forma de viver.

Não te ter está
Sendo uma grande
Prova em minha vida.
Às vezes nem acredito.

O tempo está voando
Como uma veloz águia,
Que busca encontrar
O seu caminho.

Mas paralisei-me
No último dia
Em que te vi.
O dia que te
Desprendeste da vida.

Prometo-te,
Que deixarei,
O escuro da noite
E voltarei para a
Claridade do sol.

Com carinho e
Amor nunca estará
Distante de mim.
Guardo-te meu pai.
Preciosidade.

Rui Moreira Henriques Serrano

COM O MUNDO NA MÃO

Como eu gostaria de ter o Mundo na minha mão,
Não p'ra brincar com ele, apenas p'ra o controlar.
Fazer do Mundo um paraíso p'ra humanidade,
Em que houvesse Paz, justiça e solidariedade.

Com o Mundo na minha mão, com as guerras
Eu acabaria, não haveria Nações, só regiões,
Sem divisões e poluição, de idioma universal,
Haveria progresso p'ra todos, bem estar geral.

O amor seria livre, aprender seria obrigatório .
Tornar possível todo o Mundo poder conhecer,
Viver com melhor qualidade de vida, prioritário.
Ver o Mundo convertido antes d'eu perecer.

Margarida Cimbolini

,,FLOR,,

para ti escrevo . amor.
que mais podia escrever
a ti principio e fim do amor
do amor sem barreiras
da razão da vida
da tua vida da minha vida
desta infame e maravilhosa vida
que temos ás costas sem forma definida
de quem somos ou não amiga
desta vida onde os beijos nos dão calor
a morte nos dá pânico
e mesmo assim quer-mos morrer
nesta louca e febril corrida
onde pomos os sentidos de partida
pois sentir é nossa razão de viver
minha FLORBELA meu primeiro amor
das tuas mãos recebi a poesia
de teus olhos a vaga nostalgia
do teu ser que de género vazia
amavas este humano e frágil ser
como princesa que sendo tudo
nada queria
e não sabia conter os seus reinos de ansiedade
tenho medo sim DE TI por mim
porque depois atrás desse eterno nada
onde mergulhas~te sem temor
daí me tem vindo tanta dor
tanta hora gritante e calada
que é meu hino o teu grito permanente
viver viver assim talvez demente
e amar amar assim perdidamente
. e dizendo-o cantando a toda a gente

Vanuza Couto Alves

DOS PENSAMENTOS
Às vezes, meu amor.
Eles me trazem o teu
Jeitinho amoroso que
Me deixa louca por ti.

Às vezes, eles fogem ,
Como frágeis sonhadores.
Às vezes, voltam como um
Condor perdido, na cordilheira
Do nosso amor.

Às vezes, descanso em campos,
De quietas e perfumadas flores.
Lá, ouço a tua voz perto de mim,
Como um sopro sedutor.

Às vezes, os pensamentos se vão,
E nos meus sonhos, eles voltam
Com um doce sabor de eternidade,
Para o nosso amor!

Maria Alice

MAR ENVOLVE-NOS

Quero ir contigo
Girar em torno
Revolver a terra e o Céu
Gritar-te não num desespero
Mas sim numa paixão singela
Transparente!
Como o mar se levanta quando a um lamento das ondas
E eu tu sozinhos ali
Apreciando a melodia
Eu sou mar tu a melodia
Eu envolvo-me em ti acaricio-te
Tu vens e cantas a melodia ao meus ouvidos
Estremeço de paixão
Olho-te com carinho
Afago-te o corpo e sorrio ao vento
A maresia me encanta
Tu serves-me de manta
Olhamo-nos
Apreciamos o mar
Que der repente amam-sã
Num lindo passear com suas ondas
Eu passo-te a mão no rosto com carinho
sufoco o calor do teu corpo
Que me aquece no embelezar do mar
Somos apaixonados por tudo
Um beijo longo nos controla
Até as ondas nos chegar
E suspiramos rindo
saímos cantando com o mar
Que já as ondas brincalhonas nos perseguem
E a felicidade constante não nos atrapalha

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Elaine Coletti

Procuro os pedaços dos sonhos
que fui deixando pelo caminho
encontro muitos jogados num canto
dos pensamentos perdidos...
Como as poesias que já escrevi
e joguei fora por não gostar...
Textos verdadeiros,
vida de mentiras
enganos de uma ilusão
foram se perdendo
no labirinto de uma vida
cansada de sonhos...
Queria poder juntar os cacos
porque agora não me fazem
mais sofrer, mas me ensinam a viver
Somente agora eu vivo a verdade
mas, ainda escrevo sonhos,
histórias de um amor vivido...
Cada poesia anseia ser vivida
cada poesia se veste da luz do luar
desejando que o sonho se torne realidade
que cada linha ecoe como uma melodia
em cada corações aliviando as aflições...
Procuro, pode ser que não encontre
os pedaços dos sonhos, mesmo sendo
mentirosos, mas eles carregam
a alegria das letras sonhadoras...

Fernanda Lopes

Palavras Palavras são o ar que respiro, a circulação que percorre o meu corpo e faz bater o coração. Sou refém das Palavras sejam elas como forem, escritas, faladas,pintadas ou atiradas ao ar mas as Palavras que eu amo com paixão que não controlo são as que silencio nas partidas adiadas nas madrugadas despertas nos sonhos que se soltam para comandar a vida! 

Margarida Sorribas

O TEMPO DOS PÁSSAROS FERIDOS Neste país de mundos de pobreza vejo olhos onde só a tristeza habita fazendo explodir lágrimas todos os dias à mesa onde se servem travessas cheias de nada. Dorme-se em camas feitas de fome e de flores de angústia debaixo de um céu onde as estrelas choram com mãos desesperadas à procura de um sonho com alguma beleza para lhes oferecer, iludindo o seu futuro. Mas as noites chegam cansadas e estão proibidas de oferecerem sonhos. A eles, resta-lhes recordar a beleza das rosas que já não lhes trazem o pão nem o perfume suave da tarde. Acordam agonizantes os corações das mães chovendo lá dentro por todos os cantos melodias de soluços convulsos que ninguém ouve. Humilhadas na sua impotência, rezam ajoelhadas em tapetes de vergonha escondida pedindo aos Céus um sorriso de pão para a boca das crianças, sujas de miséria e pintadas de inocência e de uma ternura triste que dói. Os pais, ensombrados por uma enorme nuvem negra, forçam a entrada num tempo que já lhes pertenceu, determinados a resgatar a fome dos seus e que os homens de consciência blindada ao remorso e à culpa, tresloucados, dançando e bebendo alegrias em excesso, não param de magoar com a dor das pedras da desgraça e da indiferença. Cansados, depois de um dia de portas que se lhes fecharam, voltam para casa de cabeça baixa do peso dos olhos que são dois velhos sacos de lágrimas roxas asfixiadas pela vergonha de já não serem. E as estrelas continuam a chorar, as mães continuam ajoelhadas a rezar e as crianças sorrindo para miséria. Em desespero, e porque é humanamente mais digno, chegam a pedir à vida que adormeça. Porque há-de ser assim? Porquê? Porquê? E corre-me nas veias um sangue cheio de insónias e de raivas incendiadas que me fazem gritar estas dores que ninguém vê. Eu, já só tenho um jardim de saudades que rego todos o dias com as suas lágrimas de humildade. Ofereço-lhes depois o seu perfume porque o meu coração eles já o têm inteiro e nada mais tenho para lhes dar...

Mirian Cerqueira Leite

IDÍLIO

Sonhei
Que a noite não amanhecia
Não amanhecia...

Das janelas da minha alma
Vi o céu que se rasgava em nesgas
De obscura claridade
Entre prateadas brechas
Lá nas alturas da cúpula celeste
Estrelas salpicavam o contorno
Do teu corpo de luz...
Crescias em nitidez

Surgias tu

Belo
Singelo e mudo

Calando fundo
No meu corpo saudade
A cópula dos desejos do mundo
Rompendo o pacto obceno
Da minha pseudo viuvez

Como sombra deitando sonolência
Sobre o abdomem das noites
Senti
Teu beijo síntese adormecido
Selar minhas pálpebras vigilantes
Para não mais despertar
Desse sonho
De nunca amanhecer...

Gilson Marinho

PRELÚDIO DE UMA GUERRA SEM FIM

E Deus criou o homem e criou os animais
e criou a natureza.
E Deus fêz bela a natureza, racional o homem
e irracional o animal.
E a natureza deu à um irracional a corôa de Rei.
E o homem achou que o Rei,
na sua irracionalidade, fôsse passíevel, amável,
domável até.
E O Rei, na sua irracionalidade,
ciente porém de sua nobreza observava o homem
e até o evitava.
Mas o homem na sua teimosia irracional
duvidou da irracionalidade racional do Rei
e pôs à prova a astúcia do Rei.
E o Rei devorou o homem
e o homem ainda menino, pereceu...
E o homem adulto e irracional se desesperou
e o poeta viu o homem menino inerte
e o homem adulto derrotado.
E o poeta que achou que nada mais o chocaria,
nada mais o magoaria, chorou...
E o verso sangrou
porque o Rei honrou a sua corôa
e se impôs perante a irracionalidade
racional do homem.
E o homem perdeu...
E o Rei venceu...

Teresa Teixeira

Consciência da sensação
Permiti albergar na minha consciência
O belo transcendente a cura a vontade
De ser gota de orvalho deslizando em terra
Magoada pelas tempestades da vida em lugares
De sol e sombra onde gaivotas esvoaçam sua dor
E num grito de pena de maresia plena abrem
Suas asas libertando a angústia num mar inquietante
De aventuras tomando rumos em orientações e ilusões
E nesta direcção a consciência da sensação permitiu
A paixão!

Manuela Bulcão

intensidade esta noite, sonhei contigo foi com uma tal intensidade que ainda me treme o umbigo esta noite, foi de loucura vagueamos por ai um no outro palmilha-mos em minutos, léguas de ternura esta noite, ficará em mim marcada fusão corporal sem pressa, ou hora ensaiada odor de amados amantes que percorre a calçada esta noite, é coisa passada aqui estou Eu simplesmente deitada olhando a janela ... no vazio do nada 

Rosa Ferreira

PORQUE NÃO ME ESCUTAIS

Já não aguento mais
Tudo parece estar louco
Senhor
Porque não me escutais!
Porque tenho que passar
Por tanta dor
Se o que peço é tão pouco
São tantas as provas
Que tenho que enfrentar
Tantos obstáculos a ultrapassar
As forças
Ah essas já me vão faltando
Não me las tires
Espera só mais um pouco
Já falta pouco
Para conseguir
Para lá chegar
Não me deixes desistir
Quero voltar a sentir
A luz do meu Sol a brilhar

Eugénia Madeira

Algemada ao prazer

E senti a tua respiração ofegante acelerar no meu pescoço
Estavas sorridente , terno e tão despreocupado como uma criança que brinca,
Tuas mãos aprisionavam me agora num misto de força e delicadeza, 
contra teu peito forte, másculo, que se aninhava em mim.
E senti um clic das algemas de prazer que me colocas
Com um sorriso maroto, com uma perícia imaculada,
E teus olhos lascivos de prazer me despem, me lambuzam
Ao prazer de ser tua e embora ser eu algemada
Sou eu quem te prende a esta paixão.
E senti-te apoderar-se do meu corpo, e cravar em mim a tua autoridade
Com a delicadeza de uma rosa, com a paixão a escorrer te na pele,
e comigo algemada ao prazer.

Ana Antunes

Sol

Os raios entraram pela janela,
Brilhantes e intensos,
Forçando a vida.
A criança sorriu,
E a mãe sentiu energia,
Para um novo dia,
Levando a luz,
Para ser:
Mãe, profissional, companheira, amiga…
Sol da vida,
Infinito é o teu poder!

Joaquim Jorge Oliveira

RELÓGIO DO TEMPO

Corvos velhos, pintados de negro
Acordaram o meu corpo nu, ao raiar do dia
Deixaram a minha alma em desassossego
E os anjos partiram em silêncio mais uma vez
Deixando o meu ser humano, baloiçando
Como um pêndulo de relógio do tempo
Eu,desperto, prenhe de escrita e lucidez
Abençoado pela madrugada e pelo vento
Acordo! E escrevo este poema para ti
Só! Porque eu vi a tua tristeza por dentro
E, por essa razão simples! Escrevi!
Aquilo que me veio agora ao pensamento
Que eu sabia precisavas ler hoje! Aqui
Corvos velhos, tristes e pintados de luto
Despertam o meu ser mais profundo
A olhar o infinito e o futuro
Fecho os olhos apenas por um segundo
E choro,por ver este mundo tão impuro
Continuo baloiçando,baloiçando
Como um pêndulo de relógio do tempo
Fico agora solidário contigo meditando
Agora! Neste poema, neste momento
Porque quero tranquilizar o teu espírito
Que sei chora por dentro agora aflito
Corvos velhos, tristes pintados de luto
Despertam o meu ser para mais um dia
E sobreviver aqui com dignidade e impoluto
Abençoado pelo pelo perfume da maresia
Escuto os arautos da noite em silêncio
E aprendo com sua magna sabedoria
Peço-vos! Corvos velhos! Voltem amanhã
Acordem o meu corpo, para um novo dia
Se! Não vierem? fico só!
Perdido nesta evidente nostalgia
Prisioneiro da beleza do poema
E, do conteúdo da filosofia.

Rui Moreira Henriques Serrano

UM PENAR PERSISTENTE

Penas do meu penar sem fim à vista,
São penas que chegaram e partiram,
Não deixaram saudades nem rastos,
Deixaram antes momentos nefastos.
Penas do meu penar que persistem,
Não deixam respirar, não desistem,
Perdi o jeito d'amar, não há amores,
Apenas juras e alguns dissabores.

É um penar sem fim, vivo com ele,
Faz parte da minha vida, é normal,
O contrário seria surpreendente,
Procuro ser feliz, sou resistente.
Este penar que parece sem fim,
Não é verdade, nem tanto assim,
É um penar que não vai resistir,
À minha vivência, não sei mentir.

Conceição Roseiro

O Amor Eterno

O amor eterno acordou,
E começou aos beijos,
À sua amada.
Acordou o desejo.
Corpos entrelaçados
Cândidos olhares,
beijos enternecedores,
De amores...


Sorrisos abertos,
Afagos incertos,
Aqui, ali, acolá,
Numa envolvência,
Que no Mundo não há.....
Gemidos no ar...
Amor a brilhar....
Restam os sabores das mãos....


Levantou-se da cama, o Amor
E sacudido pela fresca aragem,
Da bela manhã,
E buscando uma flor,
Deu um beijo na amada com ardor...
e
Lufadas de Amor,
Moldam os corpos,
Suarentos de ardor,
Sedas flutuantes,
Coxas remexendo,
Sem pudor,
Amor,
e
Suor,
Dior....
Ça va comme ça...

Mila Lopes

AMOR NOSSO

Sente-me
Quero-te em mim
Contigo
Eu voo nas asas
Da imaginação
Perco-me na beleza
Dos matizes
Que envolve
O meu coração.

Quando me tocas
A minha alma
Percorre o infinito
Onde sinto
O teu cheiro
Com perfume
De flores
Que me leva
Á loucura
E encantamento.

Contigo viajo
Na mais louca
Paixão
Na imensidão
Do universo
Iluminado
Pelo calor
Do astro rei
Sol.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Arilo Cavalcanti Jr.

A BELA MACURA

Há muito tempo atrás, um homem branco naufragou
Na paradisíaca praia de Ponta Grossa, dos índios Jabaranas
Ele estava sozinho e doente,terrivelmente penou
E pediu ajuda a Divina Força Soberana

Deus atendeu a sua triste oração
Colocando no seu caminho uma índia muito bela
Despertando nele uma grande paixão
O náufrago entregou o seu coração para ela

Esta bela índia vinha buscar água no sopé dos morros
Das falésias e prestou um bondoso socorro
Ao homem branco que estava precisando
E acabou perdidamente por ele se apaixonando

O nome desta bela índia era Macura
Uma criatura de alma doce e pura
Que encheu a vida do estrangeiro de doçura
Diminuindo a sua imensa dor e amargura

Macura não deixava o seu amado
Da sua brava tribo se aproximar
Com medo dele ser assassinado
Pelos os índios que iriam lhe matar

Porém, um dia Macura foi seguida
Por uma outra índia, que a denunciou
O náufrago branco corria risco de vida
E a proteção de sua amada nada adiantou

Um homem branco, de cabelos dourados
De olhos azuis, ali era de se estranhar
O Pajé logo o chamou de Anhangá
De Anhanguera, e todos ficaram desesperados

O náufrago branco foi morto barbaramente
Macura sofreu essa dor amargamente
O destino a feriu implacavelmente
O homem que ela amava foi morto pela sua gente

Macura, do homem branco engravidou
Meses depois, ela deu à luz
A tribo inteira muito se admirou
Do lindo menino loiro, de olhos azuis

Conceição Roseiro

Amo-te Amor, Amo-te

Como é possivel falar de amor,
Se ele requer lucidez, atenção?
Entre o Homem e Mulher, a visão,
Do mágico esplendor,
Que é o coração.

Amo-te Amor, Amo-te!
As palavras juntam-se.
E juntando se,
Separam-se.
Elas atravessam o vazio do tempo,
E mais rápidas que o pensamento,
Estremecem no oculto,
Obedecendo a uma unica pulsaçao,
E na nudez do seu pudor,
Vem o sexo e a paixão.

Mas Amor que é Amor, nunca morre,
Assim me disse um amigo.
Mas pode também acontecer,
Que as nuvens escuras do tempo,
Não o deixem viver....
Que esta loucura e paixão
Não venha do coração .

Amo-te Amor, Amo-te!
São palavras que surgem ,
Oscilando sonâmbulas,
Mas há outras que entremostram,
A nudez no linho e do seu pudor,
Falando de AMOR,
Que exultam felicidade,
E o AMOR na eternidade!

Carlos Manuel Alves Margarido

Molda-se 

O sol na sombra 
A espuma na areia 

Mergulha o peixe no sal
Fio dança elegante
Cintura de seda
Estátua de cristal

Queria

Invisível desaparecer
Voar…
Conhecer,
O final do mar, do mundo…

Moldar-me
Ao tempo
Ramo árvore raízes
Ser tudo o que esperas encontrar 

Acácio Costa

"Melodia sibelina"! O teu esvoaçar de andorinha no agitar do teu corpo em ninho de penas brancas solta uma melodia “sibelina” que nenhum ser domina sem que te prenda pelas asas e dissipe aquela etérea neblina qual sol rompendo pela manhã.

Jose Sepulveda

Marcos

Menino lindo com olhar tão vivo, 
Irrequieto na forma de agir,
Mergulho em ti e vejo se consigo
Ler nos teus olhos tão lindo sorrir

E quando pousas no meu ombro amigo
Tua cabeça, sinto o teu sentir…
Teu coração a procurar abrigo
Tão cheio de esperança no porvir

E olhando o teu olhar sereno, Marcos,
Aos céus ouso lançar louvores parcos
Com sentimento, grato, bem discreto

Que desde que chegaste á minha vida
A vida à minha volta é mais florida
Por te sentir em mim, querido neto!

Auber Fioravante Júnior

Raras Lições
Auber Fioravante Júnior

Ainda faltam algumas nuvens
Para o cair da noite em versos,
Templários para alguns,
Etéreos para os outros que gozam
Do sentimento germinado em poesia!

Pela janela apenas o colorido das pétalas
Herança da primavera vigente por todo
O estado lamentando-se em torpores singulares,
Um lugar ao luar... Oh, badalar do sentir
Possua-se por tudo que é amor!

O abraço, o beijo o gosto de maçã
Devaneando pelos lábios em sigilos
Entre o divagar do pranto e o silêncio
Das velas em combustão... Oh, metáforas
Escrevam-se pela nostalgia da melodia!

Das palavras, raras lições
Em apreços serenos, serenata dos seios,
Notas d’um musical em partitura de pele
Renascendo a cada afago... Oh, cálice pungente
Cubra-se em paixão, o momento é de luz!

Duo Solidão, êxtase maculando-se em amar!

Maria Tavares

Hoje é mais uma folha 
Virada no calendário 
Do filme da minha vida 
Quantas emoções expostas
Em palavras gravadas
Palavras de momento
Ou sentimento
Como será o amanhã
Sinceramente não sei
Embora há quem diga
Já se cansou desta vida
Eu tenho esperança
Continuarei a lutar
Pelo que venho a relutar

São Reis

Quanto tempo ainda nos falta para sermos nós?
Para respirarmos
para sermos um do outro
aquilo que nunca fomos de nós
para nos prendermos pela boca
e nela sermos e morrermos?

Quanto tempo ainda nos falta
para anoitecermos
e juntarmos um sorriso
a cada lágrima vertida
um gesto de brandura
a cada punho em riste
a cada palavra proferida
que nos trespassou o peito
como se um gume fosse?

Quanto tempo ainda nos falta
para o amor
para aquele amor que cresce
e deixa crescer
que satisfaz e engrandece
quem o sente
e deixa no ar aquele perfume
de felicidade que só os amantes têm??

Quanto tempo ainda nos falta?
Quanto meu amor?
Quanto tempo ainda nos falta para nos amarmos?