sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Telma Estevao

Pensamentos ermos

A noite acode nua…

Sorvendo a minha alma
Quase com uma carícia crua…

Os meus olhos doentes
Gritam sem rumo
E sem tempo…

Enrugados vertem
Ecos de lágrimas peregrinas
E colhem trevas frias.

Os meus lábios curvos
Gesticulam palavras mudas
E a minha boca suave e trémula
Vai mastigando pensamentos cerrados

As sílabas branqueiam
E a voz sufoca quieta e sozinha
Nesta imensidão de tempo.

Na horizontal os meus pulmões
Não aceleram
Nem respondem

O ar foge-me…lento e disperso.

Apenas respiro um profundo cansaço
E escuto o tempo a decair-me…

A minha alma opaca e embargada
Sente o travo amargo desta nobre solidão.

Sofro as inquietações da madrugada
Sem cor e sem formas…

Na espessura da noite
As minhas mãos vazias
Escutam somente
Os ruídos vagos do orvalho.

O corpo lânguido arrefece
As artérias lassas cerram
E silenciam cada paixão rasgada.

Tudo gela em meu redor…

Adormeço moída de insónias
Pálida e estática
Com a dor que carrego no meu peito...

Tristemente afago o meu choro com melopeia
E vou escrevendo este meu breve fado… 

Nenhum comentário:

Postar um comentário