sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Celeste Leite

A TI BOMBEIRO

As tuas entranhas estremecem, ouvindo a sirene. 
Mais um chamamento, mais uma viagem sem destino,
Apenas segues o roteiro, vendo a paisagem perder o seu traço de sonho.
Mas partes com o sentido guerreiro que carregas dentro de ti.
Não tens uma bússola para te guiar, apenas a tua força e os braços de Deus.
Segues todos os caminhos alternativos,nos trilhos da inquietação
Enquanto a tua alma soluça nesse longínquo e confuso mundo.
Esperas silêncio, mas vozes do infinito te direccionam no seguimento do fogo.
O teu tecto antes estável e firme, vira escombros e cacos espalhados.
Já não resta nada, apenas paisagem negra e grãos de areia,
Um oceano de cinzas, onde a dor da perda te aprisiona os sentidos.
Vês apenas escuridão na calmaria do teu equilíbrio nesta jornada.
Como uma ferida aberta no teu coração seguindo um rumo na estrada.
Ficas impotente, sem principio vital, como pó de folha seca pisada.
Apenas uma migalha de luz na metamorfose da ilusão.
Desconheces os inquietos vírus da tentação, apenas és testemunha de ti nesta guerra.
Mesmo que metade de ti já tenha partido, esperas que a outra metade ainda te sorria.
Todos os dias são assim, mesmo naqueles em que te sentes deprimido,
Soltas o teu grito de alerta nas dores do teu sofrer.
E com o teu desejo sôfrego de encontrar vida, lutas até ao fim afincadamente, mas não consegues evitar o despertar em ti pelo constrangimento da morte, onde burilam os teus piores pensamentos quando combates pelos sonhos de alguém.
Fechando sentimentos numa voragem ao passado, tentando encurtar o calendário, nas inúmeras tentativas frustradas no relógio do tempo.
É como uma busca terapeuta em todas as frentes de fogo onde te adentras e te encontras.
Um dia serás raiz de outros tempos e eras, resquícios sobre o olhar de Deus e dos homens.
Um fruto de viagem transcendente numa trajectória contundente no choro de alguém.
Mas hoje és a esperança que nos assalta a paz,
Alarde solto que se vai multiplicando nos corações aflitos e impacientes.
Devolvendo com mestria, toda a alegria na farda que incorporas.
Conduzindo com superação, dilacerando esse consumidor de oxigénio,
Que nos vai a pouco e pouco dificultando a respiração.
Tu, homem, mulher, apenas te chamam bombeiro.
Mas és e serás sempre o grande herói desta e qualquer nação!

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