sábado, 29 de junho de 2013

Celeste Leite

MAR DE SENTIMENTOS

Afastei-me calada, triste e sem vontade de seguir viagem,
Regressando ao meu mundo silencioso, ouvindo o hino da ondas.
Tento construir o meu fado em palavras, espalhando-as na areia,
Mas quando a brisa se agita, ruídos vibram entre os espaços de cada letra.
E neste deserto de sentimentos existe sempre alguém que me desperta.
Acordam cantando as conchas que são largadas pela espuma salgada,
Desalinhadas, abrem-se bailando e rindo num canto suspenso que abrigo.

Olhando estas aguas sem fim, vai-me falando ao ouvido o destino.
Mas apenas quero ondulações normais no meu caminho
E não marés coloridas de águas tingidas e bailados em desalinho.
Por mais que brilhe o sol reflectido no mar, há sempre uma voz misteriosa,
Nas lágrimas dos poetas e em todas as suas palavras amistosas.
E na voz embargada e triste da minha saudade,
Há sempre alguém que deveria ficar, mas que sempre parte.

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