Solar de Poetas I

POBRE

Sou pobre, e sou citado como 
miserável, só porque não tenho nada.
Há sim! Eu estava me esquecendo, eu 
tenho a minha expressiva cor.
Tenho; cor, meiguice e muito amor.
Pode não parece, mas, eu amo o meu 
jeito de ser.
Amo a minha saúde e o meu proceder.
Eu sou digno, e tenho respeito ao meu
nome, talvez porque a única coisa que 
eu tenho é ele, mesmo assim eu
respeito o meu viver.
Eu vivo por ai livre! Eu sei ir, e sei vim, 
carregando a minha simplicidade.
Não! Eu não me invejo de ti.
Eu não tenho apenas confiança em minha 
fé. É, e ainda tem o resto! É o resto!
Sim! O resto seja o que Deus quiser.
Há! Eu estava me esquecendo, um detalhe. 
Não sou gente importante, para os 
ignorantes. Isso só porque eu, não tenho valor 
aquisitivo; e ainda eu sou preto. Só por isso 
eu sou um ser sem valor para a sociedade.
Sociedade essa, que para existir de verdade,
sempre se beneficiou com o meu sofrimento.
Me empurrando a miséria, como forma de 
pagamento.
Já me amarram como se eu fosse, animal 
quando escravo. Depois, libertou a 
escravidão, mas, esqueceu-se de me 
liberarem. Desataram-me das amarras 
dos senhores, e me deixaram amarrado nas 
duras cordas dos esquemas.
Nasci igual a todos, e não pedi para passar
por isso, não é a minha dimensão sozinha
a culpada pela condenação de Jesus Cristo. 
Sou preto, mas também tenho fé e esperança
e, vivo com muito amor. Alem do 
mais; ser preto, não é ausência de cor.
E sim é expressividade de cor. E isso; deve de
ser respeitado.
Infelizmente, eu nada escolhi antes de nascer,
mas, eu seu que os poderosos quiseram assim.
Em fim; foi essa cor que Deus me deu, pra
mim. E eu seguirei, ate o fim.
Deus me presenteou com essa cor, e não 
você. E eu terei essa cor ate morrer.
Eu tenho apenas cor! Não sou entulho,
e tenha certeza, que eu morrerei, com 
muito orgulho.
A.Montes 25/02/13