terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Rubrica: Poemas do dia / 29 de Janeiro de 2013




Fábio Ferreira
Cisterna


Reclina o teu olhar
Sobre este corpo escurecido!
Traz a luz contigo para iluminar
Todo o desejo já perdido…



Vêm minha amada
Beijar cada chaga deixada
Por um passado arrebatador
Onde a chama ardente perdeu seu calor.



Enche esta cisterna escura
Da tua água mais pura,
Para que dela beba a alegria da virtude
Fazendo com que a sede do presente se mude.



Partilha comigo, meu amor, o teu poder
Essa força maior que é o amor!
Com tal poder, até os cegos no mundo poderão ver
E até mesmo seus corações ferverão num intenso calor.



Poema de: Fábio Ferreira


Japão
De um momento para o outro não somos nada.. 
Seremos menos que isso; menos que pó! 
A natureza ainda não está descansada, 
e o homem não é feliz, enquanto só!

A Terra se espreguiça. O mar se enfurece. 
Tudo está conforme. A Lei, é a mais forte. 
A natureza com nada se compadece. 
Se ela nos dá vida, também nos dá morte!

O Japão, é o espelho do que eu sinto: 
Sim, Falo-vos do coração e não vos minto. 
Nunca deixem de amar a vossa vida,

para que tenham tempo sabendo amar. 
porque os exemplos não haverão de parar, 
enquanto a alma do Japão não for esquecida!


Joellira



AMOR DA MINHA VIDA


Levantámo-nos hoje logo de manhazinha
Para ver se já há romãs, se já há flor na vinha.
Eu para mim só quero uns bagos de romã
Vindos da tua boca, minha querida, mesta manhã!



Um pássaro cantava sobre um ramo
Duma cerejeira com os galhos já em flor. 
Nenhum ruído perturbava os sons que eu amo.
O céu azul era um limite ao infinito sem cor!



Vieste fazer o ninho como uma ave em minha vida.
E o Sol pintou-o desta maneira, minha querida:
O chão de rosas, paredes de uvas e telhado de luar!



Os teus lábios poisaram sobre os meus devagar,
Cheios duma essência muito doce e perfumada
E a minha voz diluiu-se no infinito desta nova morada!



Alfredo Costa Pereira



Esperança precisa-se!
Sinto o sol que parece nos saudar
o dia que aparece triste e molhado.
Sorrio e saio com um brilho no olhar
agradeço a Deus todo o amor dado.

Reparo no colorido da natureza
e apesar do frio gosto muito de ouvir
o riso das crianças e a sua beleza
espontânea e alegria no seu sentir.

Reparo nas pessoas sem expressão
que passam caladas e cansadas,
a pensar nas suas vidas sem emoção
tristezas e vidas bem amarguradas.

Gostava de ver essas pessoas a sorrir
pensando nas coisas boas que ainda há.
Viver mal custa muito e também sentir
que muitas portas se fecham por cá.

Amigos portugueses tenhamos esperança
em dias melhores que ainda poderão vir.
Depois da tempestade vem a bonança
apesar da crise não paga mais por sorrir.

Bernardina Pinto


PARABÉNS MÃE!
Lembro como se hoje fosse
E nunca passasse o tempo...
Tudo aflui ao pensamento 
Neste tempo menos doce.
Em minha alma entranhou-se
A terna recordação
Da que me deu sempre a mão
Na vida, em qualquer momento,
Aquela que hoje acalento
E tenho no coração

Vejo ao fim de tantos anos
O começo em minha estrada:
Uma mão cheia de nada
E outra cheia de planos;
Sonhava que os oceanos
No seu movimento doce
Deixariam tomar posse
Deles, da Terra e do Céu.
Tão feliz vivia eu!
- Lembro como se hoje fosse

Era como se espalhasse 
A vista de lés a lés
Tivesse o mundo a meus pés
Pra onde quer que eu olhasse.
Um beijo dado na face
Bem pleno de sentimento,
Por minha mãe, dava alento,
Deixando-me extasiado!
Como que a ficar parado
E nunca passasse o tempo

Olhava minhas irmãs
Mais velhinhas, que são três;
No tabuleiro de xadrez
Só peças boas e sãs.
Pensava que os amanhãs
Não teriam tom cinzento.
Seriam fruto do tempo
A construir dia a dia.
Era um mundo em poesia.
Tudo aflui ao pensamento...

Aos três anos lembro bem
A mãe deu-me a dianteira
E lá fui na brincadeira
Pra visitarmos alguém.
Guardo a imagem... porém
Mais uns tempos e finou-se
A que alegrias me trouxe (*)
(Quase outra mãe que lá tinha)
Que a doença foi mazinha
Neste tempo menos doce

(*) refiro a Laura, irmã de um dos maiores amigos de infância
A escola, o dia primeiro,
Os outros que se seguiram...
As amizades que viram
Encher todo o meu canteiro.
Eu era um aluno ordeiro
Com comportamento doce.
Tal conduta assim me trouxe
Sempre grandes amizades.
E um tempo, pleno em saudades, 
Em minha alma entranhou-se

Fui crescendo e já eu via
Não ser tudo cor de rosa.
Nem sempre manhã radiosa,
Também alguma invernia.
Ensinou-me a mãe, poesia.
O pai deu um jeito então.
Livros, cadernos à mão,
Faziam tanto o meu gosto,
E na alma se me há posto
A terna recordação

Hoje sendo já velhinhos
Lá se encontram lado a lado
No Lar cujo predicado 
É tratá-los com carinhos.
São nossos esses caminhos
Passamos por lá então
Em perfeita união
Lembrando tempos e planos,
Sendo que hoje é dia de anos
Da que me deu sempre a mão

Dia dois será meu pai 
A fazer noventa e sete!
Nem tudo o tempo promete
Que do Hospital não sai.
Qualquer um dos dois atrai,
Estão sempre no pensamento!
Mas minha mãe no momento
É que faz noventa e três!
(Parabéns serão à vez
Na vida, em qualquer momento)

Devo muito do que sou
À minha mãe (ela sabe)
No meu coração me cabe
Pra todo o lado que vou.
Seu jeito calmo doou
Ao expor um seu pensamento.
Foi ensinando no tempo
Caminhos doces na vida.
Sempre nos será querida
Aquela que hoje acalento

Parabéns minha mãe santa
Pelos seus noventa e três!
Veja o que o tempo lhe fez
Que conserva graça tanta!
Meu abraço se agiganta
Com força e com emoção!
De beijos vai um montão
Com lágrimas de alegria
A quem me ensinou poesia
E tenho no coração.

Joaquim Sustelo
29 de Janeiro de 2013

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